Sunday, April 02, 2006

Um minuto de silêncio

Por tudo, por nada.
Pelas semanas que começam e terminam e começam. Sem , às vezes, eu me dar conta.

Miséria nas ruas (um menino preto me pede moeda, depois uma velha com rugas, depois um homem sem pernas. Eu, branca, sem rugas, com pernas, desfilo com meu pejeaut rumo a um vernissage. Silenciosa, concluo que a arte não pode salvar o Brasil, nem o mundo; pode só promover cerimonias levemente cínicas regadas a bom champagne; des illusions perdues)

Cidade grande. Vazios das avenidas, sertões de lá de dentro da alma (escuros). Amores vadios, desamores, vácuo de afetos? Concreto dos prédios, luzes brancas. Cimento e ciúme. Só.

Trecho do "Grande Sertão":

"Como é que se pode gostar do verdadeiro no falso? Amizade com ilusão de desilusão. Vida muito esponjosa. Eu passava fácil, mas tinha sonhos que me afadigavam. Dos de que a gente acorda devagar. O amor? Pássaro que põe ovos de ferro. Pior foi quando peguei a levar cruas minhas noites, sem poder sono. Diadorim era aquela estreita pessoa _ não dava de transparecer o que cismava profundo, nem o que presumia. Acho que eu também era assim. Dele eu queria saber? Só se queria e não queria."'

Hoje Ney Matogrosso canta Cartola no meu rádio "... na madrugada iremos para casa cantando". O mundo é um moinho? Acontece. O chamado "minuto de silêncio" dura já muitos dias. Mas termina, eu sei. E quando os silêncios terminam, começa o tempo das canções... é preciso esperar para ouvir. Os sinos.

4 Comments:

Blogger carolina said...

gabi, que lindo.

1:17 PM  
Blogger Cunha said...

qdo der, dá uma passada...

www.brasileiradochiado.blogspot.com

3:08 PM  
Blogger david said...

tocante. leio quase todo dia.

tenho saudades. bjo

4:29 PM  
Blogger pancake said...

voce me emociona com a sua graciosidade. quero ser você, Gabi... algum dia dessa vida.

11:01 PM  

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