Thursday, February 15, 2007

Fenomenologia

Há dois meses fui ao cinema com a amiga/irmã B. assistir "O Segredo de Beethoven" (um melodrama histórico sem maiores atrativos). Com as luzes apagadas e o filme já nos seus 10 minutos vi entrar pelo corredor um amigo, I, que eu não via já há algum tempo. (ando lendo Barthes e só para copia-lo adoto esse procedimento bizarro de me referir às pessoas pelas inciais!)

I. passou do meu lado no escuro, sem me ver, e sentou-se algumas fileiras mais pra frente, com o ar erudito e até pomposo que ele naturalmente tem. Como nos falamos pouco e nos vemos menos ainda, achei diveritdo avistá-lo por alí, alguns dias antes do Natal (na verdade fiquei um pouco assustada, porque, dada a temática do filme, B. havia previsto, numa espécie de tom profético, que iríamos esbarrar com ele) .

Na saída, espereo do lado de fora para o famoso "dar um oi"... ("e aí? tudo bem? gostou do filme?... ninguém nunca tem muito mais do que isso para dizer). Mas ele não saiu da sala _com certeza ficou para assistir, na sessão seguinte, os primeiros 10 minutos que perdeu. Fui m'embora _havia uma festa ótima na casa de M.C.S. naquela noite_ e isso é tudo.

Se conto essa história tanto tempo depois é porque ainda estou intrigada. Eu encontrei I. no cinema, mas se perguntarem a ele se me encontrou, ele vai jurar de pés juntos que não _ e estará dizendo a verdade. E então: nos encontramos ou não nos encontramos?

Penso nos infinitos casos deste tipo todos os dias (no último sábado, outra vez algo parecido, talvez ainda mais bizarro). Sim, só temos os nossos sentidos e a nossa percepção para entender, formular e lidar com "a verdade", mas isso às vezes é tão pouco...

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