O primeiro e último Bergman
Eu devia ter uns 12 anos quando me contaram que havia um filme. Um filme em que um homem jogava xadrez contra a morte. A imagem me atormentou durante anos (naquela pré-adolescencia eu já intuia que esse era o jogo que todos nós jogávamos, o tempo todo).
Só aos 17 tomei coragem e assisti "O Sétimo Selo". Foi o primeiro Bergman de alguns que se se seguiriam, e lembro que me impressionou a atmosfera sombria e densa que envolvia o filme inteiro. Havia ali uma névoa, uma marca, um jeito único de filmar. E era impressionante.
O último que vi foi em novembro, cinco ou seis dias antes do meu último aniversário. Me lembro até da roupa que eu vestia, na casa daquele rapaz que me convidou para "uma sessão" Bergman. Levei da minha coleção o "Através do Espelho", uma obra prima de 1961. Ele tinha vários outros títulos, e um avô que na manhã seguinte comentava a obra do cineasta com ares de especialista.
(Na tarde seguinte falei para Isabel ao telefone:
- Mas, Bel, preste atenção, como posso não me apaixonar por um cara que me chama para ver Bergman no sábado à noite?)
E já é 30 de julho. Hoje soube que Bergman morreu. Fiquei um pouco inquieta. Com a sensação de que perdi uma espécie de analista; alguém de quem eu só conhecia o contorno, mas que me conhecia muito bem, muito a fundo (gritos e sussuros)
Berg + Man. Começo a escrever esse post e percebo que são as terminações dos meus dois sobrenomes. E uma rajada de vento me atravessa.
Descanse agora, senhor diretor.
Nós continuamos a partida de xadrez, na ansiedade pelo xeque-mate. É um jogo implacável, mas o que pode haver de mais impresionante? De mais maravilhoso?
A vida, ah... a vida e seus morangos silvestes.
Só aos 17 tomei coragem e assisti "O Sétimo Selo". Foi o primeiro Bergman de alguns que se se seguiriam, e lembro que me impressionou a atmosfera sombria e densa que envolvia o filme inteiro. Havia ali uma névoa, uma marca, um jeito único de filmar. E era impressionante.
O último que vi foi em novembro, cinco ou seis dias antes do meu último aniversário. Me lembro até da roupa que eu vestia, na casa daquele rapaz que me convidou para "uma sessão" Bergman. Levei da minha coleção o "Através do Espelho", uma obra prima de 1961. Ele tinha vários outros títulos, e um avô que na manhã seguinte comentava a obra do cineasta com ares de especialista.
(Na tarde seguinte falei para Isabel ao telefone:
- Mas, Bel, preste atenção, como posso não me apaixonar por um cara que me chama para ver Bergman no sábado à noite?)
E já é 30 de julho. Hoje soube que Bergman morreu. Fiquei um pouco inquieta. Com a sensação de que perdi uma espécie de analista; alguém de quem eu só conhecia o contorno, mas que me conhecia muito bem, muito a fundo (gritos e sussuros)
Berg + Man. Começo a escrever esse post e percebo que são as terminações dos meus dois sobrenomes. E uma rajada de vento me atravessa.
Descanse agora, senhor diretor.
Nós continuamos a partida de xadrez, na ansiedade pelo xeque-mate. É um jogo implacável, mas o que pode haver de mais impresionante? De mais maravilhoso?
A vida, ah... a vida e seus morangos silvestes.
3 Comments:
Impressionante essa relaçao que a gente acaba criando com um cineasta, musico, etc. Viram quase membros da familia, nao?
e hoje morreu o antonioni. o que será de nós agora?
Dona Gabi, quando teremos atualizações no seu blog, hein? E como esta a vida parisiense? Desencontramos totalmente nessa parte do mundo, mas daqui a alguns meses eu volto; guarde alguma noite para colocar o papo em dia! Aqui em Moscou eu divido o quarto com um sueco que adora Bergman e cita o Sétimo Selo todo o tempo... Small world.
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