Momento nostalgia
Depois de atravessar as veredas de Rosa, e as paisagens de Cendrars e a Los Angeles soturna e empobrecida de Fante, ela se jogava na "Vida de Repórter" de Ricardo Kotscho.
Sim, ontem ela teria largado tudo para ser atriz, ou dona de livraria, mas de repente sentia de novo a palpitação cintilante do jornalismo, droga que mata de cansaço, adrenalina e até felicidade quem nela se experimenta, se larga, se vicia.
Kotscho: família judia; Santa Cruz, Folha de S.Paulo... ela sorri com as pequenas coincidências, lamentando que o Chico já não dê canja nos bares da Galeria Metrópole como naquele tempo (observação de foro íntimo: eu odeio o Tom Brasil Nações Unidas) e que os repórteres do Estadão já não terminem a noite bebendo wisky no bar do Hotel Jaraguá...
E por falar em bares e boemias, fiquei sabendo hoje que o Riviera fechou suas portas em janeiro. Estive lá antes do ano novo com o Zé Luis, que por sinal foi quem me apresentou aquele reduto de esquerditas das antigas.
Na arqueologia da memória, lembrei da primeira vez que pisei no bar: além do Zé, alguns poucos amigos acompanharam meu grande porre de pinga barata depois de uma boa reunião do grupo de estudos. Estávamos em 2003 e eu saí de lá trançando pernas depois de dizer umas verdades _verdades de bêbada_ para o Vitor Flynn. Soa tudo tão distante...
No dia seguinte meu pai me viu com os olhos fundos. Contei para ele, orgulhosa: "fui ao Riviera". Ele sorriu e me cantou uma música, que conhecia pela gravação da Elis:
"Sentimental eu fico
Quando pouso na mesa de um bar
Eu sou um lobo cansado carente
De cerveja e velhos amigos
Na costura da minha vida
Mais um ponto
No arremate do sorriso mais um nó
Aqui pra nós cantar não tá pra peixe
Tem coisa transformando a água em pó
E apesar de estar no bar caçando amores
Eu nego tudo e invento explicações
Amigo velho amar não me compete
Eu quero é destilar as emoções
Sentimental eu fico . . ."
Sim. Os anos passam, os amores começam e terminam, os jornais rodam, os bares fecham.
Minha singela homenagem ao Riviera e ao tempo que escorre. Sentimental eu fico; sempre.
Sim, ontem ela teria largado tudo para ser atriz, ou dona de livraria, mas de repente sentia de novo a palpitação cintilante do jornalismo, droga que mata de cansaço, adrenalina e até felicidade quem nela se experimenta, se larga, se vicia.
Kotscho: família judia; Santa Cruz, Folha de S.Paulo... ela sorri com as pequenas coincidências, lamentando que o Chico já não dê canja nos bares da Galeria Metrópole como naquele tempo (observação de foro íntimo: eu odeio o Tom Brasil Nações Unidas) e que os repórteres do Estadão já não terminem a noite bebendo wisky no bar do Hotel Jaraguá...
E por falar em bares e boemias, fiquei sabendo hoje que o Riviera fechou suas portas em janeiro. Estive lá antes do ano novo com o Zé Luis, que por sinal foi quem me apresentou aquele reduto de esquerditas das antigas.
Na arqueologia da memória, lembrei da primeira vez que pisei no bar: além do Zé, alguns poucos amigos acompanharam meu grande porre de pinga barata depois de uma boa reunião do grupo de estudos. Estávamos em 2003 e eu saí de lá trançando pernas depois de dizer umas verdades _verdades de bêbada_ para o Vitor Flynn. Soa tudo tão distante...
No dia seguinte meu pai me viu com os olhos fundos. Contei para ele, orgulhosa: "fui ao Riviera". Ele sorriu e me cantou uma música, que conhecia pela gravação da Elis:
"Sentimental eu fico
Quando pouso na mesa de um bar
Eu sou um lobo cansado carente
De cerveja e velhos amigos
Na costura da minha vida
Mais um ponto
No arremate do sorriso mais um nó
Aqui pra nós cantar não tá pra peixe
Tem coisa transformando a água em pó
E apesar de estar no bar caçando amores
Eu nego tudo e invento explicações
Amigo velho amar não me compete
Eu quero é destilar as emoções
Sentimental eu fico . . ."
Sim. Os anos passam, os amores começam e terminam, os jornais rodam, os bares fecham.
Minha singela homenagem ao Riviera e ao tempo que escorre. Sentimental eu fico; sempre.