Wednesday, February 21, 2007

Lições da História

Neste pós-Carnaval cheio de cenas deploráveis _Preta Gil como madrinha da bateria, Beth Carvalho barrada por uma diretoria tecnocrata e outras muito mais impróprias_ o melhor foi mesmo ouvir, em casa, a Elis, belíssima, cantando sua versão para "Folhas Secas" e ver meu projeto tomando forma, tomando gosto, tomando cara.

E começou a operação limpeza. Na agenda telefônica, no corpo, no armário... Jogar coisas fora tem enorme utilidade (Todo historiador sabe: a longo prazo, o que não tem tem registro é como se nunca tivesse existido. Amem.)

E para curar qualquer doença, é Itamar Assunção na veia.
Vamos viver que a vida é curta

(Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre

Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre)

Thursday, February 15, 2007

Momento "Macbeth"

Cena IV - Forres. Um Aposento no Palácio

"Stars, hide your fires!
Let no light see my black and deep desires:
The eye wink at the hand; yet let that be,
Which the eyes fears, when it is done to see!"

Na tradução é de Beatriz Viégas-Faria (acho que tem melhores...)

"Estrelas, escondam o seu brilho; não permitam que a luz veja meus profundos e escuros desejos. Que o olho se feche ao movimento da mão; e, no entanto, que aconteça! Que aconteça aquilo que o olhar teme quando feito está
o que está feito para ser visto

Fenomenologia

Há dois meses fui ao cinema com a amiga/irmã B. assistir "O Segredo de Beethoven" (um melodrama histórico sem maiores atrativos). Com as luzes apagadas e o filme já nos seus 10 minutos vi entrar pelo corredor um amigo, I, que eu não via já há algum tempo. (ando lendo Barthes e só para copia-lo adoto esse procedimento bizarro de me referir às pessoas pelas inciais!)

I. passou do meu lado no escuro, sem me ver, e sentou-se algumas fileiras mais pra frente, com o ar erudito e até pomposo que ele naturalmente tem. Como nos falamos pouco e nos vemos menos ainda, achei diveritdo avistá-lo por alí, alguns dias antes do Natal (na verdade fiquei um pouco assustada, porque, dada a temática do filme, B. havia previsto, numa espécie de tom profético, que iríamos esbarrar com ele) .

Na saída, espereo do lado de fora para o famoso "dar um oi"... ("e aí? tudo bem? gostou do filme?... ninguém nunca tem muito mais do que isso para dizer). Mas ele não saiu da sala _com certeza ficou para assistir, na sessão seguinte, os primeiros 10 minutos que perdeu. Fui m'embora _havia uma festa ótima na casa de M.C.S. naquela noite_ e isso é tudo.

Se conto essa história tanto tempo depois é porque ainda estou intrigada. Eu encontrei I. no cinema, mas se perguntarem a ele se me encontrou, ele vai jurar de pés juntos que não _ e estará dizendo a verdade. E então: nos encontramos ou não nos encontramos?

Penso nos infinitos casos deste tipo todos os dias (no último sábado, outra vez algo parecido, talvez ainda mais bizarro). Sim, só temos os nossos sentidos e a nossa percepção para entender, formular e lidar com "a verdade", mas isso às vezes é tão pouco...

Sunday, February 11, 2007

Hoje o samba saiu

Arrastar a Lígia para o bloco do Ó em pleno sábado à tarde...

Que serpentinas são essas que caem sobre a minha cabeça?

Alalaô.

- Mais uma cerveja?

Eu sou só o meu vestido de flores e os meus olhos atentos. Eu sou só a jadineira (por que estás tão triste)?

"Tô me guardando para quando o Carnaval chegar..."

Mas ele chegou. E agora?

(Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu)