La vida loca
Eu tinha só 10 anos; talvez 11. O pai do meu melhor amigo dirigia um porche vermelho conversível por uma grande avenida paulistana; era sábado, talvez domingo.
Eu ia sentada no banco da frente, ao lado dele, com os cabelos tomando vento. O destino não era a California, mas o Playcenter, ali na ponte do Limão. (Não havia Hopi Hari e ir ao playcenter era o melhor programa que uma menina de 11 anos podia conceber).
Foi ali que eu entendi que a minha chamada adolescencia começava. O Aerosmith cantava "Crazy" no rádio (sim, senhores, era o fatídico ano de 1994) e me lembro perfeitamente de sentir o carro correr, respirar fundo e decidir "Quero uma vida muito cheia de aventuras". O mundo se abria na frente, e ele podia ter a adrenalina de uma montanha-russa dessas que a gente ia, tremendo de medo.
Lembrei disso domingo. Depois de um filme europeu com a Clara, algumas cervejas importadas e boa conversa, fomos parar na Loca, à 1h da manhã. New Order no som, altas doses etílicas, gente cheirando a suor e sexo naquele porãozinho esfumaçado da Frei Caneca. Depois de deixar um rapaz em casa, às 4h30, voltei dirigindo sozinha pela madrugada...
não havia porche, não havia Aerosmith, não havia Playcenter; mas havia aquela mesma menininha que um dia decidiu que tudo tem que ser pra valer, que tudo tem que ser intenso, louco, alucinado.
É esse o feeling que eu não quero perder nunca, esse é o feeling que eu tento segurar com todas as forças mesmo com o stress da Barão de Limeira, com a fila de 40 minutos na Caixa Econômica, com a chatice das burocracias. Uma hora dessas vou pegar um avião e vou sumie para Barcelona... vou deixar a Folha falando sozinha e vou brincar de ser louca em outro lugar.
Uma hora dessas.
Por hora, a mesma adrenalina da montanha russa, o medo todo; por que o rapaz não me ligou ainda?
Eu ia sentada no banco da frente, ao lado dele, com os cabelos tomando vento. O destino não era a California, mas o Playcenter, ali na ponte do Limão. (Não havia Hopi Hari e ir ao playcenter era o melhor programa que uma menina de 11 anos podia conceber).
Foi ali que eu entendi que a minha chamada adolescencia começava. O Aerosmith cantava "Crazy" no rádio (sim, senhores, era o fatídico ano de 1994) e me lembro perfeitamente de sentir o carro correr, respirar fundo e decidir "Quero uma vida muito cheia de aventuras". O mundo se abria na frente, e ele podia ter a adrenalina de uma montanha-russa dessas que a gente ia, tremendo de medo.
Lembrei disso domingo. Depois de um filme europeu com a Clara, algumas cervejas importadas e boa conversa, fomos parar na Loca, à 1h da manhã. New Order no som, altas doses etílicas, gente cheirando a suor e sexo naquele porãozinho esfumaçado da Frei Caneca. Depois de deixar um rapaz em casa, às 4h30, voltei dirigindo sozinha pela madrugada...
não havia porche, não havia Aerosmith, não havia Playcenter; mas havia aquela mesma menininha que um dia decidiu que tudo tem que ser pra valer, que tudo tem que ser intenso, louco, alucinado.
É esse o feeling que eu não quero perder nunca, esse é o feeling que eu tento segurar com todas as forças mesmo com o stress da Barão de Limeira, com a fila de 40 minutos na Caixa Econômica, com a chatice das burocracias. Uma hora dessas vou pegar um avião e vou sumie para Barcelona... vou deixar a Folha falando sozinha e vou brincar de ser louca em outro lugar.
Uma hora dessas.
Por hora, a mesma adrenalina da montanha russa, o medo todo; por que o rapaz não me ligou ainda?
