Monday, May 29, 2006

Liberou geral

Antes, os comentários neste espaço eram só para quem tinha blog, username e o escambal.
Acabou-se, acabou-se; resolvi democratizar total. Agora todo mundo pode falar o que bem entender (até de forma anônima, meu Deus) que eu vou ter que encarar. Quem fala o que quer ouve o que não quer, não é isso? Viva a liberdade de expressão.

Para mim, mais difícil do que engolir as palavras sempre foi entender os silêncios, sumiços, vácuos... mas eu não tenho moral... quantas vezes eu também não me calo? Eu também tenho medo.

"But every time it matters all my words desert me.
So anyone can hurt me - and they do";

trecho de uma música lindíssima na voz da Madonna (todo mundo tem seu pop!) :"Another Suitcase in Another Hall". Para baixar na madrugada e chorar um pouquinho. Só um pouquinho.

Pensamento após o show/café/cerveja/carona de domingo: "o teatro nos redime".

A bientôt

Monday, May 22, 2006

Textos dos Outros

Tenho lido coisas surpreendentes nos jornais (!!!).
Parece piada, mas num momento trágico do país (eu vou além e, com o meu jeito Mafalda de ser, digo "num momento trágico da história do mundo"), algumas pessoas com a cabeça no lugar têm dito coisas inteligentes, ou no mínimo, surpeendentes: coisa rara.

Abaixo, os textos... só para quem estiver com a tarde livre e quiser, depois, tomar uma cerveja comigo para discuti-los. Concordar, discordar, dar risada (pra não chorar...). O último texto, sobre Veneza, eu só discuto tomando vinho.

1. "Derrubar Lula?" - Excelente retrato do país por Marcelo Rubens Paiva, tentando responder à pergunta: se a idéia é derrubar o presidente, quem colocaremos no lugar? Diversão na certa.
http://www.fab.mil.br/imprensa/enotimp/2006/04-ABR/enotimp105.htm#oesp

2. "'Burguesia terá de abrir a bolsa', diz lembo" - Entrevista do Governador à Folha, chance única de ver um PFLista convocando a Revolução. Críticas hilárias a FHC e Alckmin.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1805200608.htm

3. "A Bolsa ou a Vida" - Jânio de Freitas fala também sobre os recentes acontecimentos na cidade. Nada que a gente não saiba. O melhor do texto, porém, é a segunda parte, em que o autor critica o novo projeto gráfico da Folha no dia de sua inauguração. Lúcido. Corajoso.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2105200607.htm

4. "Morte em Veneza" - Para sair um pouco da política (pelo amor de Deus!!!), um texto delicado de Bernardo Carvalho (de quem eu, em geral não gosto) sobre vida, morte e literatura na cidade italiana.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2305200618.htm

Como diria Caetano, "O sol nas bancas de revistas/Me enche de alegria e preguiça/Quem lê tanta notícia?" Chega de falar de jornalismo. No próximo post volto a falar de desjo, amor e música, coisas sempre mais divertidas.

Inté.

Wednesday, May 10, 2006

Para quem lê o Estadão.

"Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas"
(A divina Clarice, na frase que, entre outras coisas, abre meu TCC)

A semana passada foi bem pouco produtiva no jornal. Trabalhei muito, mas acabei conseguindo publicar apenas um textinho bem pequeno, sobre a vida de Adalgisa Nery (1905-1980), baseado num documentário . Outras pautas plásticas caíram por água a baixo, por motivos variados... faz parte.

De qualquer jeito, gostei especialmente de fazer o texto... (in http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0605200622.htm) Adalgisa era uma mulher forte, chiquérrima, politicamente atuante, boa escritora e bastante inteligente... essas coisas que a gente se esforça tanto (tanto!) para ser e nem sempre consegue.

Relendo hoje o tal artigo , encontrei um trecho engraçado:

"Tão interessante quanto sua atuação política é a amizade elegante que nutriu por toda a vida com o poeta Murilo Mendes (1901-1975). Belos trechos de correspondência deixam entrever intimidade e afeto não propriamente característicos de "bons amigos", mas o programa termina sabiamente sem esclarecer o que houve entre os dois _ deixemos no domínio privado o que a ele pertence."

Engraçado. As palavras são sempre armadilhas. Resgatam passados, antecipam futuros, zombam da nossa bizarra, às vezes surpreendente, existência. Quem procura significados ocultos no horóscopo, devia começar a procura-los nas próprias linhas_ ou entrelinhas.

"Deixemos no domínio privado o que a ele pertence...". Pensei muito nos últimos dias sobre a natureza deste blog. Seria ele, afinal, um espaço propriamente público ou privado? Exacerbação absurda das duas coisas? Meu coração não sabe. Até onde o vivido, pensado, sonhado, sentido deve ser jogado aqui com uma sinceridade exorbitante? Tema para próximas elocubrações.

Frase da semana: "O desejo é um concerto polifônico" (ai, esse show do Gismonti). Fala em muitos tons, tem muitas caras; se traveste de outras coisas. Pode o afeto virar desejo? Pode o desejo virar afeto? Meu coração não sabe. Ou sabe muito bem, e finge que não. Enquanto isso, cantarola "Ela Faz Cinema", disco novo do Chico, faixa 7.